Erro
A 19ª edição da Vitrine do Ateliê da Imagem teve ERRO como tema e o júri formado por Anna Warzynski (coordenadora), Rony Maltz e Walter Costa.
“O que é um erro em uma fotografia? Existe foto “errada”? Seria o erro um desvio de ideais técnicos ou éticos? Ou teria a ver com o conceito de punctum de Barthes – aquilo que escapa às intenções do fotógrafo, “que parte da imagem, como uma flecha, e vem me transpassar”?
O que sequer significa “errar” em um presente escasso de consensos, desprovido de projetos de futuro compartilhados?
O erro é uma divergência do plano; o ato-falho é um engano que diz mais do que se pretendia; a sorte é um acidente feliz. Todos produzem significados inesperados. Sem o erro não há o novo. O acaso e a errância estão intimamente ligados ao processo criativo. “Erre de novo”, como dizia Beckett, “erre melhor”.
Errar não é apenas humano, é talvez uma das nossas características distintivas. O erro explica nossa origem (mutação, seleção natural…) e determina nossos destinos, para o bem ou para o mal.
Viver não é preciso. Na dúvida, erre.” (Rony Maltz)
Conheça os ensaios vencedores de Bernardo Cople e João Paulo Pereira:
Na série “Desmemórias”, de Bernardo Cople, as imagens se valem do erro para ganhar um novo significado. O interlocutor se vê no papel de formar o restante da imagem por conta própria, já que os defeitos de cada fotografia polaróide tornam a leitura difícil, intrigante. São registros extremamente pessoais que ganham sentidos completamente diferentes da intenção inicial. O original fica à mercê da interpretação do outro, gerando um resultado impreciso, falho, ficcional. Onde as perguntas são mais evidentes que as respostas. E onde os defeitos, ao invés de prejudicar, deixam as imagens muito mais intrigantes.
Acasos procurados, inesperados que sempre acontecem. Fotografias de fotografias antes que se possa vê-las. Método aleatório para se conseguir um resultado objetivo: Erros certeiros.
João Paulo Pereira