Exposições
Meu Álbum de Retratos | Keyla Sobral
Sobre o autor
Keyla Sobral é artista visual, editora e fundadora da revista eletrônica Não-Lugar (www.naolugar.com.br). Seu percurso artístico começa no início dos anos 2000 e de lá para cá vem participando ativamente em mostras coletivas e individuais no Pará, São Paulo e Rio Grande do Sul. Recebeu a Bolsa para o exterior de Pesquisa, Criação e Experimentação do IAP(2006, Wiesbaden, Alemanha) onde desenvolveu e expôs individualmente o projeto Memories; recebeu ainda a Bolsa de Pesquisa em Arte da Fundação Ipiranga (2008/9, PA) e a Bolsa de Pesquisa, Criação e Experimentação do IAP em 2011. Realizou trabalho exclusivo para a Fundação Iberê Camargo (2011, RS) exposto na Revista Lugares.
Texto crítico
Lá fora, onde a vida aporta
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por ela,
isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Antônio Cícero – Guardar
No contemporâneo a necessidade de atenção é premente. Na velocidade com que as sociedades ocidentais vêm imprimindo suas emergências, a novidade adquire um estatuto de importância que se sobrepõe a outros valores anteriormente apreciados, como a ética. Keyla Sobral vem constituindo um percurso de consistência ao longo de sua produção artística, no qual o desenho emerge como forma de relação com o ambiente em que se encontra, em um reflexo do seu estar no mundo e fruto de uma resposta atenta e ética a ele.
A artista não escolhe meias palavras, não se coloca em lugar protegido, mas sim, se põe à prova, dialoga com uma genealogia de artistas que vêm compondo uma fala de si e se expõem, revelando suas fragilidades, nossas fragilidades, medos, instabilidades. Olha para si e para o outro. E, entre as diferenças e similitudes, funda um lugar próprio, mas compartilhável, pois trata, ali, daquilo que nos é comum: a vida.
Em suas obras o que está em operação é a relação com as coisas, num fluxo de afetos, em que a artista por vezes observa, como testemunha silenciosa dos eventos, em outras é sujeito partícipe, sendo invadida pelos acontecimentos. Entre realidades, ficções e arquiteturas emocionais, Keyla Sobral mantém-se atenta àquilo que é comum dentre essas coisas: a potência emergente de dar sentido à vida. E ela não se esquiva, ou acelera o percurso. Não busca proteção, enfrenta e observa, e guarda tudo bem perto dos olhos, à vista.
Orlando Maneschy