Exposições
HAIRYCANE | Isabela Lira
Sobre o autor
Carioca, 32 anos, artista plástica e designer formada pela PUC-Rio. Participou de diversas exposições coletivas, dentre as quais se destacam: Novíssimos do IBEU 2006, A Imagem do Som da MPB 2006, “Estranhamentos-Arte sem barreiras” –(Centro Cultural de Bauru/SP), “O que é normal?” (Espaço Ecco em Brasília), Imagem do Som do Samba 2007, Exposição Foto+/Prêmio Hercule Florence (Casa França-Brasil, 2007), coletiva “LUZ” (Galeria Meninos de Luz, Pavão-Pavãozinho, 2008) e “Verdadeira Grandeza” (Galeria do Ateliê, 2008).
Texto crítico
Uma só mecha de sua cabeleira, apresentada a um exército, era o bastante para pô-lo em fuga…
Dicionário de Mitologia Grega, Ruth Guimarães
Instigante, estranho, invasivo e transbordante, o cabelo de Isabela Lira toma conta dos espaços. Vermelho como fogo, não por natureza, mas por escolha, ele se torna a própria identidade da artista, ao mesmo tempo irônica e forte, límpida e obscura, inquietante e direta. Cada um de nós fará suas próprias associações e experiências e não interessa determinar um significado único para a incontornável presença do cabelo em seu trabalho. Como um pintor usa a cor, Isabela Lira usa o cabelo como matéria de criação. Maleável, ele se transforma e assume diferentes formas, ora expansivas ora sufocantes. Aparentemente frágeis, os cabelos possuem a capacidade incrível de renovação. Se nosso corpo inteiro se renova, isso é mais evidente nos cabelos que crescem de forma incessante e quase assustadora. Em constante renovação, cabelos parecem ter vida própria.
De início, tratava-se de registrar em fotografias sua imagem invadida por cabelos, como na Série Sobremim, selecionada para o Prêmio Hercule Florence em 2007. Em seguida, os cabelos tomaram a forma de objetos e instalações. Na série Vermelha História da Arte, Isabela reaproveitou as caixas da tinta que utiliza e coloriu os cabelos de ícones femininos que povoam a história da arte. Da Vênus de Botticelli à Marilyn de Andy Warhol, todas estão ruivas. Em Hairycane, um furacão ruivo de sentimentos e idéias invade a galeria. O desejo irreprimível de ultrapassar limites termina concretizado em imensa trança de Rapunzel, obsessões e sonhos escapando janela abaixo.
Ana Cavalcanti
Doutora em História da Arte pela Université de Paris 1
Professora da EBA – UFRJ