Exposições
A Presença | José Caldas
Sobre o autor
José Caldas, fotógrafo especializado em natureza e documentação geográfica, rodou nos últimos 20 anos o Brasil, visitando diversos ecossistemas. A PRESENÇA é sua primeira individual em 22 anos e apresenta imagens colhidas em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Amazonas, Tocantins, Bahia e Espírito Santo, feitas ao longo de várias viagens durante o desenvolvimento de projetos e produção de livros, tais como o Oparapitinga – Rio São Francisco (Ed.Casa da Palavra, 2002). Todas privilegiam a atemporalidade e são pistas contundentes da comunhão profunda do fotógrafo com a Natureza. Uma Natureza com N maiúsculo, verdadeira matéria de experiência de Unidade do Ser.
José Caldas publicou nove livros sobre diversas regiões e participou de mais seis com outros fotógrafos. Seus trabalhos são publicados periodicamente nas principais revistas e jornais brasileiros e fotos distribuídas internacionalmente. Participou de várias exposições nacionais e internacionais com temas ligados ao meio ambiente e cultura popular. Foi um dos ganhadores do Prêmio Marc Ferrez (IBAC/FUNARTE) em 1992 . Lançou recentemente Japoneses no Vale do Aço (Ed.Olhares, 2008).
Texto crítico
Nos últimos 20 anos, Zé Caldas rodou o Brasil visitando diversos ecossistemas. Aqui ele apresenta imagens colhidas em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Amazonas, Tocantins, Bahia e Espírito Santo, feitas ao longo de várias viagens para o desenvolvimento de projetos e produção de livros.
A busca de Zé nunca foi a de meramente representar a paisagem destes lugares, mas a de colher com seu olhar fresco e intuitivo a presença da potência da Criação que se deixa ver para quem tem olhos de ver.
O gênero “paisagem” aparece na arte, segundo Jean-Luc Nancy, como representação de uma natureza que foi destituída de uma presença divina que habitava todos os elementos: os rios, as montanhas, as árvores. O Deus que habitava em tudo e em todos, ao se retirar para um espaço fora, criado pelo Cristianismo (pelo menos em sua leitura mais ortodoxa e não mística), gerou o desconhecido que precisa ser representado. A vida nas cidades e o consequente afastamento do homem de um contato mais direto com a natureza teria sido um dos fatores de aceleração dessa mudança.
Zé Caldas, em sua comunhão profunda com a Natureza, eleita a protagonista de seu trabalho, faz de suas imagens paisagens apresentacionais e inaugurais da própria experiência. Nelas, a infinitude não se perde, mas continua a se dar indefinidamente, em cada curva de rio, em cada nuvem-mensagem de tempestade, em cada pedra no meio do caminho.
A Natureza de Zé tem N maiúsculo, pois é verdadeira matéria de experiência da Unidade do Ser. “Zé é um andarilho e um artista, um pesquisador e um cientista, um caboclo e um cosmopolita”, como bem disse Rogério Sganzerla. Um creador* de imagens, pois transforma em matéria sensível a pura força cósmica.
Patricia Gouvêa
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”…Seriam essas fotos somente uma antiexplicação daquele espaço geográfico singular que vive dentro e fora da gente. Se não podemos deixar de errar, pelo menos mudemos (de quando em quando) a nossa maneira de estar errado. Só assim se atinge o desconhecido. Esse é o tema ciclópico da coleção de flagrantes naturais com cheiro de terra, intensa cor local, além do gosto, sabor e estilo de vida bem brasileiro, capaz de imantar o triângulo central que subordina a potência de nossa nação.
Zé é um andarilho e um artista, um pesquisador e um cientista, um caboclo e um cosmopolita. E abarrota o seu largo arsenal de expressões factíveis, provando com a câmera que a nossa vida é uma realidade à parte…”
Rogério Sganzerla