Leituras de Portfólios
Leituras de Portfólios | Prêmio Ateliê da Imagem Melhor Portfólio 2018
Na terceira edição das Leituras de Portfólios, os leitores convidados foram Ângela Magalhães & Nadja Peregrino, Caroline Valansi, Claudia Tavares, Daniela Dacorso, Daniella Géo, Marcia Mello, Marco Antonio Portela e Marcos Bonisson. O trabalho vencedor que fará uma exposição em 2019 sob curadoria de Claudia Tavares e Marcia Mello é Tornaras, de Rodrigo Pinheiro. Estes são lugares reais, lá onde tudo aconteceu. Os objetos e os bilhetes trocados pelos amantes. “Tornaras” são fotografias que tomam a forma de uma longa e íntima carta à memória de alguém. A fotografia veio como um resgate. Diante da câmera está a performance, o autorretrato e, parafraseando um mestre da justaposição entre o documental e a ficção, a dupla função imaginária do cinema. Abbas Kiarostami escreveu, ao se referir a ideia de verdade e mentira, que procura “realidades simples escondidas atrás das realidades aparentes”. Essa performance foi feita enquanto esquecíamos de que era uma performance.
Dois outros trabalhos receberam menção honrosa e participarão de uma Sexta Livre conjunto em 2019. São eles: Iglus de Guadalupe, de Ana Rodrigues e João Paulo Pereira e Democracia para Quem?, de Fernanda Vinagre.
Os Iglus de Guadalupe fazem parte do conjunto habitacional Carmela Dutra, construído no final dos anos 40, início dos 50. A forma peculiar das poucas unidades restantes destoa da paisagem vizinha. Nos sentimos imediatamente atraídos por essas moradias. Entrar nestas casas é como sair do mundo cheio de retas em que vivemos. Este trabalho é não apenas um inventário das casas restantes, é também um convite ao afeto a essas casas tão diferentes do mundo que vivemos.
Baseado no trabalho “Bala Perdida” da fotógrafa Anna Kahn, o ensaio Democracia para quem? busca trazer à lembrança os episódios violentos que resultaram na morte e desaparecimento de diversas pessoas durante a ditadura através de intervenções na imagem com palavras e notícias retiradas de jornais da época, trazendo à tona também o discurso utilizado pela grande mídia com relação ao período. É como se as fotografias revelassem algo que tem sido esquecido mas que, ao mesmo tempo, marca as ruas do Rio de Janeiro, uma vez que ainda são muitos os desaparecidos políticos e o discurso antidemocrático tem se tornado cada vez mais forte nos dias atuais.
Ângela Magalhães & Nadja Peregrino
Angela Magalhães (Comunicação Social -UFRJ), foi bolsista da Fulbright/Capes no International Center of Photography /Aperture Foundation NY,1988/89. No Instituto Nacional de Fotografia da Funarte (1979-2003), coordenou as Semanas Nacionais de Fotografia (1982-1989) e diversas mostras. Na área de pesquisa, em co-parceria com Nadja Peregrino, recebeu os prêmios da Fundação Vitae (“Revista Realidade,1966-1976: paradigma de um fotojornalismo moderno no Brasil) e Rio Arte (“O Rio de Janeiro de José Medeiros” ); e publicou os livros Fotografia no Brasil: um olhar das origens ao contemporâneo (MINC/Funarte, 2004) e Fotoclubismo no Brasil – o legado da Sociedade Fluminense de Fotografia (SENAC, 2012). Atuou em comissões nacionais e internacionais como o Tenth Annual Infinity Awards (ICP NY, 1994); The International Photography Research Network- Changing Views of Brazil and Europe (Inglaterra 2006-2007) tendo, ainda, realizado curadorias internacionais na China, Rússia, Perú e Argentina. Recentemente, participou da leitura de portfólios do FotoRio (2016-18) e do Paraty em Foco (2017-18).
Nadja Peregrino é mestra em Comunicação (ECO/UFRJ-1990) com tese publicada no livro O Cruzeiro – A revolução da fotorreportagem (1991). Professora, desde 2002, do Curso de Pós-Graduação Fotografia e Imagem da Universidade Cândido Mendes. Atuou na Funarte (1977-1990) e no Centro de Artes da UFF (1990-1998), organizando exposições de renomados fotógrafos brasileiros e estrangeiros; Como curadora associada independente, realizou diversas mostras, como La revue O Cruzeiro (Chalon Sur Saun, França, (2006); Physis Soma, o corpo, a expressão e a poética do movimento (Casa das Rosas, São Paulo, 2014); Fotografia arte Plural (ICON Galeria, RJ, 2018). Integrou a seleção dos prêmios e porfólios: Marc Ferrez (Funarte, 2010) e ArtePará (Belém, 2010), Premio Pierre Verger, 2017, FotoRio (2016 -18), Paraty em Foco (2017-18) Entre os últimos textos publicados destaca-se Flutuações da fotografia contemporânea, Colóquio Fotografia Bahia, UFBA, 2017. Atualmente, ao lado de Angela Magalhães, é curadora da ICON Galeria (RJ), atuando com a exibição e venda de fotografias.
Caroline Valansi
Graduada em cinema e com Pós-graduação em Artes e Filosofia, completou seus estudos no Ateliê da Imagem e na EAV do Parque Lage. Trabalha com fotografia e artes visuais desde 2004. Pensa a imagem fotográfica como meio e não somente como um fim. Sua produção artística caminha entre o espaço coletivo e as histórias íntimas, trabalhando num fluxo transtemporal onde são borradas as fronteiras entre documento e ficção. Nos últimos anos temas como erotismo, sexualidade, feminismos fazem de sua pesquisa.
Organizou os eventos {|}XANADONA{|} (2016, A Galeria Gentil Carioca) e Feminismo e Feijoada (2015, CAPACETE). Fez residência no CAPACETE (Rio de Janeiro, 2015), Espaço Fonte (Recife, 2014), Terra UNA, (Liberdade, Minas Gerais, 2010), Residência Deslocamentos: Arte, vivência e Ambiente (Olinda, 2010) e Casa Tomada, Ateliê Aberto # 2 (São Paulo, 2010). Fez parte do coletivo OPAVIVARÁ! de 2007 a 2014.
Participou de exposições coletivas, como no El Parqueadero (Bogotá, Colombia), Parque Lage (Rio de Janeiro), no Museu Nacional (Brasília), MAM-RJ – Museu de Arte Moderna (Rio de Janeiro), Museu dos Dire itos Humanos do Mercosul (Porto Alegre), Centro Cultural São Paulo – CCSP (São Paulo), IAC – Instituto de arte contemporânea (Recife), Museu de Arte Contemporânea – MAC (Rio de Janeiro), MAP (Museu de Arte Postal), Auditório de Capitania das Artes (Natal), Associação Fotoativa (Belém) entre outras.
Claudia Tavares
Doutora em Processos Artísticos Contemporâneos pelo Instituto de Artes UERJ, Mestra em Artes pela Goldsmiths College, Londres e em Linguagens Visuais pela Escola de Belas Artes, UFRJ e formada em Comunicação Social pela Faculdades Integradas Hélio Alonso, Rio de Janeiro.
Como artista visual, utiliza as linguagens da fotografia e do vídeo. Participou de inúmeras exposições individuais e coletivas em diversos espaços, tais como Espaço Cultural Sérgio Porto, Sesc Pinheiros, Galeria Murilo Castro (BH), Plataforma Revólver (Lisboa), 291 Gallery (Londres) e Galeria Tempo (Rio de Janeiro). Participou das Feira Internacional de Arte Bogotá 2009, SPArte 2012 e da Art Rio 2012 representada pela Galeria Tempo.
Suas exposições individuais são “Light Boxes”, 2001, 291 Gallery, Londres, “entre nuvem e vento”, 2007, Galeria do Ateliê, Rio de Janeiro, “Nós”, 2011, Espaço Sérgio Porto, Rio de Janeiro, “Branco Preto”, 2012, Galeria Tempo, Rio de Janeiro, “Vestida de infância”, 2015, Galeria do Ateliê, Rio de Janeiro; “Até”, 2015, Galeria Graphos, Rio de Janeiro. Ganhou 3o prêmio com o vídeo “BláBláBlá”, na 9o Bienal Nacional de Santos 2004. Publicou os seguintes títulos: 10 verbos, 11 imagens, 1 lembrança, edição de autor, a trilogia VAIEVEM Rio de Janeiro, VAIEVEM São Paulo e VAIEVEM Minas Gerais, Preto Branco, em parceria com Monica Mansur, todos pela Binóculo Editora, empresa que dirigiu entre 2008 e 2015. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.
Daniela Dacorso
Formada em Comunicação Social com Pós-Graduação em Fotografia como Instrumento de Pesquisa em Ciências Sociais, Daniela Dacorso leciona no Ateliê da Imagem e trabalha como fotógrafa free-lancer. Foi professora do Instituto de Artes da UERJ e fotógrafa da Revista Isto é e do Jornal O Globo. Fotografou para capas de discos de diversos artistas, como Titãs, Marcelo D2, Planet Hemp, Caetano Veloso e Jorge Mautner, entre outros. Colaborou como fotógrafa para diversas publicações no Brasil e no exterior, como Guardian(UK), Liberation( FR), La Vanguardia (Espanha), Intro (Alemanha), Revista Vogue e Revista Bravo entre outros. Realizou exposições individuais na Holanda (Netherlands Fotomuseum, Rotterdam), França e Brasil e participa da Coleção Joaquim Paiva de Fotografia/MAM RJ. Desenvolve projetos pessoais em fotografia e participa de residências artísticas, como o projeto “Civilização Sem Fronteiras”, residência fotográfica de três meses na China.
Daniella Géo
Curadora e crítica de arte residente na Antuérpia, Bélgica e Rio de Janeiro. Doutora em Estudos Cinematográficos e Audiovisuais pela Sorbonne Nouvelle-Paris III (foco em Fotografia/Arte contemporânea). Foi curadora da 4e Biennale de Lubumbashi, R.D. Congo, da 5e BIP – Biennale internationale de la Photographie et des Arts visuels de Liège e de Black is beautiful, GRID – 3e Internationale Fotografie Biennale, Amsterdã. Entre suas curadorias recentes estão as exposições retrospectivas Charif Benhelima: Polaroid 1998-2012, MAC de Niterói e MON, Curitiba, e Roger Ballen: Transfigurações, fotografias 1968-2012, MAM-Rio, MON, Curitiba, e MAC USP. Daniela Géo é curadora associada do APT – Artist Pension Trust, NY. Escreveu para diversas publicações, entre as quais a American Encyclopedia of the Twentieth-Century Photography (Routledge, 2005). Professora da EAV Parque Lage, Rio de Janeiro, e conferencista convidada do HISK – Higher Institute for Fine Arts, Gent, Bélgica.
Marcia Mello
Marcia Mello é bacharel em Letras pela UFRJ, pesquisadora, curadora e conservadora de fotografia. Em 2006, inaugura a Galeria Tempo com Carolina Dias Leite e Georgiana Basto, em atividade até 2014. Em 2015 foi diretora-curadora da Marsiaj Tempo Galeria (RJ). Nesse periodo, além de organizar inúmeras exposições, participou como expositora das feiras SP/ARTE e ART/RIO. Entre suas atividades mais recententes, destaca-se a co-curadora das exposições “Kurt Klagsbrunn, um fotógrafo humanista no Rio (1940-1960)”, “Rossini Perez, entre o morro da Saúde e a África” e “Ângulos da Notícia, 90 anos de fotojornalismo em O Globo” no Museu de Arte do Rio todas em 2015. No Centro Cultural da Justiça Federal, curou a mostra “Tempos de Chumbo, Tempo de Bossa – os anos 60 pelas lentes de Evandro Teixeira” (2014) e na Galeria do Espaço SESC, “Deveria ser cego o homem invisível?”, fotografias de Renan Cepeda (2015). Como pesquisadora, participou das exposições e livros: “Alair Gomes – A new Sentimental Journey”, Cosac Naify, 2009, e “Caixa Preta – fotografias de Celso Brandão”, Estúdio Madalena, 2016, ambas com curadoria de Miguel Rio Branco e exibidas na Maison Europeenne de la Photographie em Paris. Em 2015, participou do livro “Milan Alram”, edições de Janeiro e Bazar do Tempo, de Joaquim Marçal.
Marco Antonio Portela
Marco Antonio Portela é mestre em Ciência da Arte pela UFF. Artista Visual, curador independente, participou de exposições coletivas e individuais dentre elas: Sangue Novo no Museu do Bispo do Rosário; Séria Migrações na Galeria da UFF; O corpo inventado na Caixa Cultural de SP; Em torno do Entorno no Museu do Ingá; Elas na Galeria LGC. Têm obras em coleções como: Joaquim Paiva, Carlos Barroso, Revista ArteNexus (Miami, EUA) e Centro Cultural de Bellas Artes (Lima, Peru). Coordenou a Galeria Meninos de Luz, no Pavão/Pavãozinho, e a Galeria do Poste – Sucursal Rio. Como curador e agitador cultural, já realizou diversas exposições: Piscinão, na Galeria Murilo Castro, Belo Horizonte; Vacas Profanas no solo sagrado do Pavão/Pavãozinho, na Galeria Meninos de Luz; Mostra o seu que eu mostro o meu, na Casa França Brasil; Olhares femininos: aqui e lá, Galeria Fotoativa, Belém do Pará; Efígies, na galeria do Ateliê da Imagem. Ficou em segundo lugar no prêmio PIpa on line 2013.
Marcos Bonisson
Marcos Bonisson é artista e Mestre em Ciência da Arte (UFF). Nasceu e trabalha na cidade do Rio de Janeiro. É graduado em Letras (UNESA) e Pós-graduado em Arte e Cultura (UCAM). Estudou gravura, desenho, cinema e fotografia na EAV – Parque Lage (1977–1981). Participou da Primeira Trienal de Fotografia do MAM – SP (1980), da 27ª Bienal Internacional de São Paulo (2006), da XIX Bienal Internacional de Cerveira em Portugal (2017) e selecionado para a Segunda Edição da BienalSur (2019). Bonisson tem participado em diversas exposições coletivas no Brasil e no exterior. Publicou o Livro Arpoador (Editora Nau, 2011), o Catálogo Pulsar (Editora Binóculo, MAM, 2013) e o Livro ZiGZAG publicado pela Editora Bazar do Tempo e lançado no Paris Photo em 2017. Suas mais recentes exposições individuais foram no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 2013 e a na Maison Européenne de la Photographie (MEP-Paris) em 2015.
Edição encerrada