Exposições
SAL | Ricardo Hantzschel
Sobre o autor
Jornalista formado pela PUC-SP e pós graduado em Fotografia e Mídia pelo Senac-SP é fotógrafo profissional desde 1987. Foi professor do Centro Acadêmico Senac (CAS) de 2000 à 2015. Desde 2012 é professor na pós-graduação em fotografia do SENAC.
Em 2003 foi vencedor do Prêmio Porto Seguro de Fotografia, São Paulo 450 anos, e em 2015 ganhou o Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia com o ensaio Sal.
Figura no acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo desde 2001.
Nos últimos 18 anos tem exposto seu trabalho destacando-se os ensaios “Sal” (Instituto Tomie Ohtake 2015, X Bienal de Arte de Florença – 2015), “Cidade Múltipla” (Caixa Cultural Sé 2010, Festival Hercule Florence-PUC Campinas 2010, Instituto Carrefour 2011), “Vestígios do Carandiru” (Museu de Arte de Ribeirão Preto 2004, Centro Cultural São Paulo 2004, Galeria do Cj Nacional 2007, Sesc Santana 2012), “Cidade Casual” (Museu da Imagem e do Som 2000, Visual Studies Workshop Gallery/NY-EUA 2001, Espaço Porto Seguro 2001 e 2003, Sesc Pompéia 2004), “A Sombra do Porto” (Centro Cultural São Paulo 1999, Pinacoteca de Santos 2000, Centro de Exposições Imigrantes 2002), entre outros.
Desenvolve ação educativa aplicada em parceria com movimentos comunitários. Desenvolve o projeto educacional em linguagem visual “Cidade Invertida” há seis anos, com atuação em entidades da periferia, faculdades, museus e eventos fotográficos. O projeto foi premiado em 2006 pelo Programa de Ação Cultural do Governo do Estado, voltando a ser premiado em 2008 com a certificação de “Mérito Cultural” pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo e novamente reconhecido em 2010 através do Fundo Comgás de patrocínio Sócio Cultural.
Texto crítico
Esta é uma obra de ficção. Uma representação de um real possível, mediado pelo aparato, pela edição, pela emoção e pela imaginação. O mote é o sal, substância que faz parte significativa da história do homem. De caráter simbólico, em diversas culturas aparece em rituais de proteção e purificação. Em outras, representa a incorruptibilidade ou mesmo a amargura.
De grande valor, quando raro já foi moeda de troca e salário de soldados. Seu poder de conservar alimentos é o mesmo que corrói o ferro e resseca a pele do salineiro, marcada pelo Sol, pelo vento, pelo tempo. Personagem de um ofício que se mantém inalterado desde o século xix e que tende a desaparecer lenta e silenciosamente, calando o arrastar metálico das pás, o gemer dos carrinhos de mão, o puxar dos rodos, o pavonear dos cata-ventos. Um lugar em que a paixão e o desencanto se misturam, originando cristais brilhantes na água salgada.
O suporte eleito, composto de papel aquarela, sal e prata, carrega na superfície imagens de um mundo à parte. A aplicação manual do sensibilizante com pincel agregou o gesto, aumentando a presença do acaso no processo do papel salgado, cuja técnica, precursora da fotografia, incorpora organicamente à imagem o produto bruto extraído da salina.
Ricardo Hantzschel
Local: municípios de Arraial do Cabo, Praia Seca e Araruama – Rio de Janeiro
Período de capatação: de janeiro de 2011 à janeiro de 2015
Suportes: digital, analógico e câmeras artesanais
Impressão: papel salgado sobre Fabriano número 5, tonalizado à ouro
Papel salgado: inventado pelo cientista inglês Willian Henry Fox Talbot em 1834.