Exposições
Meeting | Beatriz Olano
Sobre o autor
Artista da cidade de Medellín, Colômbia, é graduada pela School of Visual Arts de Nova Iorque e mestre pela The Milton Avery School of the Arts em Bard College, nos Estados Unidos. Desde 1994 exibe seu trabalho nos Estados Unidos, na Espanha, Argentina, Costa Rica, Cuba e Colombia.
Desde sua primeira exposicão individual na Colômbia em 1996, realizou diversas mostras individuais no país em espaços como a Galería Valenzuela Klenner, Museu da Universidade Nacional de Bogotá, Academia Superior de Artes de Bogotá, Museu de Arte Moderna de Pereira, Sala de Suramericana de Seguros de Medellín e Sala de Arte Contemporáneo da Universidad Nacional de Medellín, entre outros.
Recebeu diversos prêmios na Colômbia e na Espanha e em 1997 foi premiada com a bolsa The Elaine de Kooning Memorial Scholarshipde Nova Iorque. MEETING é sua primeira individual no Brasil, organizada pelo Ateliê da Imagem em parceria com a pesquisadora colombiana Maria Iovino.
O trabalho de Beatriz Olano se caracteriza por um interesse em intervir no espaço, buscando modificar a percepção do mesmo. O espaço é sempre o principal elemento do trabalho, é ele que fixa as pautas para o desenvolvimento da obra. Estas intervenções geralmente são efêmeras e sua criação toma diferentes formas e é realizada com diversos materiais, sempre tendo como linha mestra, no entanto, uma linguagem geométrica ligada à arte abstrata.
Texto crítico
A proposição pictórica de Beatriz Olano é indissociável de meios como a escultura, a instalação e o desenho, campos nos quais também pode atuar de maneira autônoma. Não obstante, sua radicalidade e força no uso da cor, como no de sua estrutura compositiva, faz com que a pintura seja o meio que mais amplamente define essa artista, ainda que, fundamentalmente, seu trabalho esteja ligado, em muitas dimensões, aos espaços que habita. A obra surge a partir deles, como uma forma de conversar com as construções e argumentações dadas, de contradizer suas limitações e, igualmente, de tornar visíveis suas potencialidades. No entanto, de forma geral, essa obra excede as convenções do plano e se desenvolve, na intervenção particular que efetua, com total vontade abstrata.
O projeto de Beatriz Olano tem caráter arquitetônico, motivo pelo qual é sempre único e contextual, o que supõe um exigente exercício criativo. Seu som se modula de acordo com a infinidade de composições pelas quais transita, gerando, em cada caso, harmonias inéditas no interior desses lugares com os quais dialoga.
Consequentemente, uma obra como esta chama a atenção à interpretação como a um postulado possível entre tantos outros, como a uma simples forma de conceber o real entre a multiplicidade de vias e, neste sentido, assinala sempre a natureza inacabada de qualquer projeto ou proposição criativa.
Entretanto, esta obra faz entender o perfeito e harmônico antes como um assunto móvel do que como a formulação rígida de acordo com a qual se concebe em termos gerais a geometria. No trabalho de artistas como Beatriz Olano, entende-se que a geometria é, pelo contrário, uma maneira poética de entender o espaço, seja este plano ou de mais dimensões, e de assinalar formas possíves de abarcá-lo e construí-lo com um espírito ordenado. Isto, contudo, entendendo que ordem não implica finitude nem constrição, senão um princípio para decifrar a musicalidade do vazio, para permitir conhecer o som das vozes que transporta o silêncio.
Compreender como as incontáveis forças em trânsito, em um universo complexíssimo e imensamente abundante e potente, executam uma sinfonia perfeita, que além de tudo se recompõe a cada instante, implicou os esforços mais lúcidos de interpretação em todos os campos da arte e do pensamento e, ainda assim, a exatidão não deixou de ser entendida como um assunto encerrado, como um encaixe definitivo e como uma prática formal.
Por isso, uma obra como a de Beatriz Olano é sempre pertinente. É uma recordação oportuna de que tanto a estática como os estados finais de qualquer evento ou manifestação no mundo são ilusões, não o verdadeiro desempenho da realidade. Nessa medida, esta obra adverte também que, em essência, a realidade é abstrata, é basicamente potencial. Disso surge o mundo concreto, o interpretado, que é eventual e de curto alcance pelo fato de que obedece basicamente às exigências de circunstâncias passageiras.
María A. Iovino