Exposições
Mares Poderão Subir por Mais Mil Anos | Leila Danziger
Sobre o autor
LEILA DANZIGER é artista visual e professora do Instituto de Artes da Uerj. Desde 2011, é pesquisadora do CNPq, desenvolvendo projetos de criação em artes visuais em que sua dupla formação como artista e historiadora da arte se faz presente em produções artísticas orientadas pelas negociações entre arte, história, memória e literatura. Graduou-se em Artes pelo Institut d’Arts Visuels d’Orléans, França; concluiu doutorado em história da arte pela Puc-Rio; e pós-doutorado em artes na Bezalel Academy of Arts and Design Jerusalem, Israel. Participa de mostras individuais e coletivas desde o início dos anos 1990, entre as quais destacam-se:Felicidade-em-abismo (individual), Capela da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro (2012), What vanishes, what resists (individual), BAAD Gallery/ Bezalel Academy of Arts and Design, Tel Aviv, Israel (2011); Tempo-matéria, Museu de Arte Contemporânea de Niterói (2010); Bilder des Erinnerns und Verschwindens. IFA-Galerie, Berlim, Alemanha (2003); Wegziehen, Frauenmuseum, Bonn, Alemanha (2001); Investigações: rumos visuais 1, Itaú Cultural, São Paulo (2000). Publicou três livros:Diários públicos: sobre memória e mídia (Contracapa, 2013), Todos os nomes da melancolia, (Apicuri, 2012), e Três ensaios de fala(poesia, 7Letras, 2012).
Texto crítico
A frase-título da exposição foi encontrada no caderno de ciências da Folha de São Paulo em 26 de janeiro de 2007 e emerge da massa de esquecimento em que se dissiparam aqueles dias, marcados como agora pela expectativa do ano que se inicia. Mais do que uma reconfiguração ameaçadora entre a terra e os mares, sua vertigem se deve à associação entre um espaço ainda indomável – os mares – e um tempo para além da escala humana; sugere assim resistência à temporalidade instantânea dos jornais, e é a tentativa de propor a experiência de um tempo mais lento e resistente o que me interessa há vários anos.
Meu trabalho consiste em fazer corpo com palavras e imagens (apagá-las, arranhá-las, feri-las), para que assim ressurjam qualificadas pelo momento presente, marcadas pela travessia de perigos (experiência própria a tudo o que é vivo). Reúno aqui imagens-rumores, imagens-ruídos. Na menção à subida dos mares ecoa nossa imersão no tempo e a necessidade de nos entregarmos aos fluxos submersos, ao exercício dos gestos (vãos?) desenvolvidos contra a resistência das águas e a vertigem do tempo. A silhueta anacrônica de um escafandrista circula agora no espaço expositivo.
[Agradeço à Gabriela Capper, pela parceria em Stela e o mar.]
Leila Danziger
Janeiro, 2014