Exposições
Inextricable | Mariana Varela
Sobre o autor
Mariana Varela vive e trabalha em Bogotá, Colômbia. Recebeu bolsas do governo colombiano para estudar en Paris e Roma e ganhou diversos prêmios como o 1o. lugar no II Salão de Arte Bidimensional da Fundação Gilberto Alzate Avendaño de Bogotá e a Bolsa Pollock-Krasner Foundation de New York, Estados Unidos. Participou de várias exposições coletivas na Colômbia, Guatemala, Cuba e Venezuela. Dentre suas exposições individuais destacam-se as realizadas nos Museus de Arte Moderna das cidades de Cartagena e Pereira, no Museu de Arte da Universidade Nacional, na sala Darío Echandía do Banco da República de Ibagué, na Sala de Arte da Câmara de Comércio de Bogotá e em diversas galerias de arte da Colômbia. Inextricable é sua primeira exposição no Brasil e tem curadoria de María Iovino.
Texto crítico
Inextricable de Mariana Varela, uma obra decididamente paisagística, chama a atenção também por meio da transparência, da austeridade do preto e branco, assim como do movimento propiciado pelo vento, para o pressentimento de vida que se sobrepõe à paisagem ferida e que impulsiona sua restauração e seu entorno.
Inextricable repete em centenas de aproximações, sobre finíssimas sedas transparentes, a paisagem matizada e saturada das plantações bananeiras e as faz respirar e circular no intercâmbio com o espectador e com o lugar. Neste trabalho, não é a precisão da imagem que remete ao constante pulsar selvagem, e sim a invasão da transparência.
Esta obra, pouco conhecida na Colômbia, teve sua primeira e única exibição no final da década de 90, depois de dez anos durante os quais a artista trabalhou de maneira silenciosa em seu estúdio, em um extenso exercício de contradição com as exigências do meio. Neste lapso, avessa ao compromisso com as exigências de evidência em questões sociais e políticas, que dominavam a arte colombiana, pôde projetar seu imaginário no âmbito do que é inacessível e volátil.
Interpreto como saudável e enriquecedor que, em obras como esta, brote este diálogo com a paisagem o qual deve fazer nossa cultura para curar os vínculos com o contexto e com o lugar, e que quebra uma cadeia de imposições culturais e econômicas, da mesma maneira com o que sucedeu com a liquidação do espaço importantíssimo da contemplação, em troca dos interesses gerados por uma industrialização deformada.
O conhecimento do lugar e de sua natureza é a essência que nutre um processo artístico ou uma proposição intelectual de verdade e de necessidade; é o ingrediente básico da consequência; o instrumento que constrói a amizade com a memória; é a compreensão que nos permite voar com direitos conquistados até o mundo das abstrações.
María A. Iovino