Exposições
Gravuras do Grande Sertão | Arlindo Daibert
Sobre o autor
Arlindo Daibert (1952-1993) foi um artista plástico, nascido em Juiz de Fora, MG, com intensa atuação desde meados da década de 70 até início da década de 90. Logo ficou conhecido como excelente desenhista, dono de uma técnica excepcional. Seu trabalho, que no início esteve próximo de uma tendência ligada ao fantástico, se desenvolveu em várias direções, em conformidade com seu inquieto espírito de pesquisa. Entre suas obras mais conhecidas estão as três séries de trabalhos relacionados com obras literárias: Alice, de Lewis Carroll, Macunaíma, de Mário de Andrade, e Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa (as três séries, além de outros trabalhos, fazem parte hoje do acervo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro). São trabalhos em que ele dialogou com essas obras; sua intenção não era ilustrá-las, mas desenvolver um trabalho reflexivo a partir de questões levantadas por elas.
A série baseada no Grande sertão: veredas, livro que este ano completa 50 anos de seu lançamento, compõe-se de 20 xilogravuras e 50 desenhos, em que usou também outras técnicas, como aquarela e colagem. Ganhou os principais prêmios de artes plásticas no Brasil, fez numerosas exposições, inclusive fora do Brasil, e tem obras nos acervos dos principais museus e colecionadores brasileiros. Duas das séries baseadas em obras literárias foram publicadas em livro: Imagens do grande sertão (Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1998) e Macunaíma de Andrade (Juiz de Fora: Editora da UFJF, 2000). Arlindo Daibert também escreveu muito sobre seu trabalho e sobre o trabalho de outros artistas. Esses textos foram reunidos no livro Caderno de escritos (Rio de Janeiro: Editora Sette Letras, 1995), organizado por Júlio Castañon Guimarães publicado após o falecimento do artista em 1993. A editora C/Arte publicou na coleção Circuito Ateliê um volume dedicado ao trabalho de Arlindo Daibert, que está incluído em várias obras de referência, como o livro de Roberto Pontual sobre a coleção de Gilberto Chateaubriand. Muitos dos críticos brasileiros escreveram sobre o trabalho de Arlindo Daibert, como Roberto Pontual, Olívio Tavares de Araújo, Walmir Ayala, Radah Abramo.
Texto crítico
O artista plástico Arlindo Daibert (1952-1993) teve grande atuação de meados da década de 70 até inícios da década de 90. Reconhecido como exímio desenhista, esteve, em um primeiro período de seu trabalho, bastante perto de uma tendência do desenho da época ligada ao fantástico, mas em seguida sua atividade se desenvolveu em várias direções, em conformidade com o inquieto espírito de pesquisa do artista.O crítico Roberto Pontual resumiu o percurso da atuação de Arlindo Daibert ao dizer que “Nos primeiros trabalhos, as imagens estruturavam-se como fantasias oníricas”, mas que a seguir o artista deslocou “seu trabalho cada vez mais no sentido de uma investigação conceitual”, um desenho que o crítico qualificou como “desenho de idéia”.
As xilogravuras aqui expostas fazem parte de um conjunto mais amplo. Compõem, junto com mais cinqüenta desenhos, uma série elaborada a partir do romance de Guimarães Rosa Grande sertão: veredas, (que este ano completa 50 anos de publicação). Esse trabalho de Arlindo Daibert, concluído em 1993 e hoje integrante do acervo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, foi elaborado como uma reflexão crítica desencadeada pelo romance. São trabalhos em que ele dialogou com o romance rosiano com a intenção não de ilustrá-lo, mas de desenvolver uma tradução plástica de questões criativas apresentadas pelo texto literário.
Júlio Castañon Guimarães
Agradecimentos:Neysa Maurício CamposFUNALFA / Prefeitura Municipal de Juiz de Fora.