Exposições
Casa de Bamba | Bruno Veiga
Sobre o autor
Bruno Veiga nasceu no Rio de Janeiro, Brasil. Começou a fotografar nos anos 80 nos diários nacionais O Globo e Jornal do Brasil.
A partir de 1990 começa a trabalhar como freelncer na Agência Tyba onde fica até 1995. No mesmo monta a Strana Agência Fotogràfica. Desde de 2005 Bruno Veiga é associado ao Estúdio da Gávea no Rio de Janeiro.
Texto crítico
Casa de Bamba
Texto de Juan Travnik/ Curador da Fotogaleria do Teatro San Martin – Buenos Aires
A utilização do ensaio fotográfico como forma de contar histórias visualmente se consolida no momento de esplendor das grandes revistas ilustradas — a partir das décadas de 40 e 50. A forma de articulação destes discursos evoluiu naturalmente, assim como se transformaram os espaços em que eles são utilizados.
Sua aplicação no âmbito das artes visuais acentuou diversas vezes seu distanciamento de uma forma linear ou cronológica, própria dos meios de comunicação de massas. Em muitos casos, os autores potencializaram o conteúdo poético das estruturas narrativas e o valor simbólico das imagens. E, com isso, quebraram a previsibilidade da seqüência.
O trabalho de Bruno Veiga carrega estas características. Poesia, cor e delicadeza compõem o processo de aproximação do mundo dos protagonistas, personagens da velha guarda do samba carioca. O desenvolvimento desta música autenticamente suburbana acompanhou o crescimento das zonas periféricas do Rio de Janeiro/Brasil. Nestas áreas, cada vez maiores e mais povoadas, as migrações internas de uma parte da classe média urbana e de outros setores mais humildes construíram uma identidade social de perfil definido, com projeção peculiar sobre aspectos culturais, sobretudo no visual e na música.
Nas fotografias da série CASA DE BAMBA, a luz banha o interior das casas. Envolve cantos, adornos, pequenos objetos e detalhes que nos conectam com a intimidade deste mundo suburbano. O autor hierarquiza estas imagens como elementos reveladores dos valores e costumes de seus personagens.
Veiga faz também com que cada modelo retratado se entregue com confiança singular diante de seu olhar. Seus rostos transparecem sinceridade. Muitos deles, pouco conhecidos, têm o mérito de ter escrito as letras e músicas que expressam os sentimentos daqueles que não são ouvidos. Estes rostos simples e familiares são dos criadores do autêntico samba. Do samba popular que se dança ruas. Aquele que canta e conta a vida cotidiana dos subúrbios cariocas.