Exposições
Apropriações | Marco Antonio Portela
Sobre o autor
Brasileiro natural da Cidade do Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Graduado em História e Mestre em Ciência da Arte pela UFF/RJ, artista visual, curador independente, professor, pesquisador, fotógrafo e laboratorista. Participou de várias exposições coletivas e individuais dentre elas: Sangue Novo no Museu do Bispo do Rosário, Foto Frame na Galeria Durex, Séria Migrações na Galeria da Uff, O corpo inventado no Conjunto Cultural da Caixa de São Paulo, Em torno do Entorno no Museu do Ingá, Que segredos tem o Castelo?, no Castelinho do Flamengo, As que alimentam, Lana Botelho Artes Visuais, Elas, Galeria LGC, Da paixão, Galeria do Ateliê da Imagem. Têm obras em coleções como: Joaquim Paiva, Carlos Barroso, Walton Hoffmann, Revista ArteNexus, Miami, EUA, Centro Cultural de Bellas Artes, Lima, Peru, Fundação Cultural de Blumenau.
Coordenou a Galeria Meninos de Luz no Pavão/Pavãozinho de 2009 / 2011, e coordena o evento de arte pública: Galeria do Poste – Sucursal Rio.
Algumas de suas curadorias: Piscinão, Galeria Murilo Castro, Belo Horizonte; Vacas Profanas no solo sagrado do Pavão / Pavãozinho, (FotoRio 2009) Galeria Meninos de luz Rio de Janeiro; Mostra o seu que eu mostro o meu, Casa França Brasil no Rio de Janeiro; Equivalente a Stieglitz, no Aeroporto Santos Dumont – Rio; Equivalente a Bérgson, no Paraty em Foco / 2011 em Paraty e na Galeria do Ateliê, Rio; A Casa, no Solar dos Jambeiros, Niterói; Olhares Femininos: aqui e lá, Galeria Fotoativa, Belém do Pará.
Atua como professor na escola de arte Ateliê da Imagem há mais de 10 anos com os cursos de fotografia básica, fotografia p&b, laboratório analógico e cursos de desenvolvimento de projetos.
Texto crítico
SEM PESO E SEM MEDIDA, OU O HOMEM SEM NOVIDADES
– É muita coisa! Vai caber tudo lá? – pergunto surpreso diante da quantidade de trabalhos que Marco me apresenta. Ele me garante que sim.
As obras são diversas, parecem não constituir um nexo, uma proposta de exposição. Marco me diz que se interessa pela prática do colecionismo, aquele acúmulo de coisas exóticas e curiosidades. Penso no Mr. Brainwash, que se autopromoveu artista ocupando um galpão com incontáveis realizações que emulavam diversas formas de expressão em voga.
Marco conta do seu interesse pelo colecionismo de variedades. Ah… saquei! Mais uma do Marco Antonio Portela, nosso MAP – Museu de Apanhados Pessoais. Mas, logo em seguida, noto que em todos seus trabalhos, por mais desconexos que tendam a ser, ele parece querer esvaziar de sentido e profundidade as formas e imagens das quais se utiliza, no que tenho sua concordância: O mundo já tem imagens demais, reafirma Portela, e conclui: Não preciso criar mais outras.
Fico então com a grata sensação de que, nesta exposição, MAP atua de certo modo como Buster Keaton, que encenava situações típicas do seu tempo despindo-as dos sentidos aparentes e comumente aceitos para revelar o despropósito de muitas das nossas formas de agir e viver. Marco Antonio Portela crê que não há mais espaço no mundo para novidades, para mais formas e imagens novas.
Paradoxalmente, sua numerosa produção nos satura de oportunidades de esvaziarmo-nos de um tanto da nossa bagagem e faz, através de diversas sintaxes aparentemente triviais, sua própria lavagem dos sensos comuns. Assim, ela trata homeopaticamente nosso olhar com o mesmo do que precisamos nos livrar, mostrando com inteligência e humor que a arte e a vida podem ser levadas de forma leve, ainda que não descompromissadas de todo. Marco faz, então, sua sutil contribuição à nossa percepção de um mundo já tão saturado de imagens e conceitos onde precisamos, talvez mais do que acrescentar ideias, formas e imagens, nos desfazer de um bom tanto do que já existe criando espaço para respirar, refletir, viver e, por fim, talvez, criar de novo.
Bob N, Rio de Janeiro, 2012