Exposições
20 x 20 | Coletiva
Texto crítico
20 por 20, Lugar de Encontros.
Diversidade poética, descentramento, reconhecimento territorial, recuo estratégico, posicionamento, disciplina, espera calculada e dinâmica, são noções gerais, que constituem o escopo conceitual norteador de uma ação coletiva, e que simultaneamente tentam justificar a legenda deste breve texto. Mesmo que, a princípio, estas palavras nos pareçam uma mera questão de tática, em verdade, tais enfoques são utilizados para apresentar os trabalhos e as questões que envolvem a poética de vinte e cinco artistas que se reuniam semanalmente, na galeria Lana Botelho na Gávea, para discutir coletivamente, a realização, a interface histórica, inserção e circulação da sua produção, dentro do atual ambiente cultural.
Ao longo de dois anos estes grupos existiram, atuaram, e dão base hoje a esta exposição. Tal esforço coletivo enfatiza um conjunto de visualidades descentradas, ou seja, os gestos que materializam a obra de arte acontecem fora da abrangência de um paradigma nivelador, configurando deste modo, uma rede plural de parâmetros conceituais e de interconexões destas ações pontuais, que sempre evidenciam e perpassam pela experiência de cada indivíduo.
A escala reduzida dos trabalhos (20 x 20 x 20 cm) traduz a adequação ao limite físico do espaço disponível, e ao mesmo tempo impõe a todos os participantes, o desafio do pequeno formato. A proliferação de linguagens e poéticas, a ocorrência de hibridismos e descentramentos, que podemos reconhecer nesta exposição, nada mais representam se não, a própria condição do imaginário que delimita o campo de ação do homem contemporâneo. A exposição 20 x 20, nada mais pretende, do que pontuar alguns conceitos e procedimentos políticos, e por esta via, abrir o diálogo com o público.
Vale ainda lembrar o investimento pessoal de Lana Botelho nesta “Galeria” com este formato especial, arte-mercado-educação, que viabilizou integralmente esta experiência, e cabe aqui, o nosso agradecimento e reconhecimento nesta parceria cultural.
João Wesley de Souza / dezembro de 2004